segunda-feira, 2 de julho de 2007

Educação brasileira??

Eu costumo ouvir que temos universidades de ponta, alguns citam nomes como Unicamp, as engenharias da USP, o famoso direito da UFRGS, ou a administração da UDESC. Alguns dos alunos que estudam nessas faculdades são com certeza estudantes do mais alto gabarito, pessoas que tem alto poder de contextualizar os fatos e achar soluções eficazes.
Porém, agora vou falar alguns dados para desmistificar a falsa realidade que vemos. Só em salários o judiciário gasta praticamente 7 vezes o valor destinado as universidades. O total destinado a educação tem um déficit de 8 bi em relação ao mesmo judiciário. Costumo dizer que as engenharias brasileiras não ensinam a formar pessoas com capacidade de contextualizar. Nossos engenheiros não sabem aproveitar oportunidades de mercado, pelo simples fato que não enxergam elas. Nossos melhores engenheiros são contratados por multinacionais. Os melhores engenheiros de Stanford criam multinacionais. Exemplos: HP, Microsft, Compaq, Yahoo entre várias outras que nasceram de ex-alunos de Stanford. Pra quem não sabe o Vale do Silício teria sua origem lá.
Pois é, estudo numas das melhores Faculdades do país, ESAG, 8 vezes conceito A. Uma das poucas faculdades públicas que não tem greve. Temos 3 laboratórios de informática para cerca de 1000 alunos em 3 turnos, aliás podemos dizer que os equipamentos são totalmente atualizados. Mesmo assim, tenho serenidade de saber que a minha escola é péssima se comparada com escolas européias e americanas, ou mesmo chilenas. Muitos dos professores saem 30 min antes de acabar a aula. Nossa biblioteca é atrasada, e o detalhe, não por falta de dinheiro, mas por excesso de burocracia e incompetência dos compradores de livros. Ficamos pouquíssimo tempo dentro da universidade. Agora, se uma das melhores do Brasil é fraca imagina o que sobra praquelas que não tiveram conceito A.
Para quem não sabe o mestrado no Brasil, não significa nada lá fora. Empresas de alto gabarito não contratam pessoas com doutorado só pelo titulo, pois hoje qualquer ignorante tem um doutorado (no Brasil).
Nossos alunos de direito fazem cursinho para poder advogar. Eles sabem que a faculdade não é boa o suficiente para ensinar-lhes a passar na OAB. E isso inclui as melhores faculdades de direito do Brasil.
Admitir nossa mediocridade é primeiro passo para melhorar-mos.

6 comentários:

Álvaro S.Frasson disse...

Educação neste país não passa de uma especulação social. A verba é mínima: 3% do PIB nacional, enquanto outros 61% são destinados a banqueiros nada compromissados com o desenvolvimento da nação. O desinteresse de uma revolução social é nítido, pois não é de interesse dos nossos comandantes. E quando a verba chega? Má distribuição. Excelente exemplo das bibliotecas.
Apesar dessa coisa de conceito do MEC atende a interesses de terceiros. Nada é confiável no Brasil. Há não ser nesse ótimo texto!

Parabéns

Anônimo disse...

Eu ja parei para pensar no caso das universidades, não sei como está a situação no Brasil a fora, mas em São Paulo é possível encontrar uma faculdade a cada esquina que me fazem lembrar da frase "quantidade não é qualidade". Como se não bastasse, a maioria dos estudantes por aqui estão mais preocupados em se formar e pegar o diploma do que propriamente aprender. Isso me faz chegar a conclusão que o problema do Brasil não é a falta de emprego e sim a falta de mão de obra qualificada.

Henrique disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Henrique disse...

O que falta no brasil é educação financeira. As escolas, universidades e nem mesmos os pais encinam a lidar com seu dinheiro. Muitos engenheiros, administradores, contadores poderiam ter seus próprios negócios, porém eles trabalham em uma empresa, numa multinacional ou no serviço público por puro medo. Medo de abrirem su próprio negócio, medo de investir seu dinheiro. Eles não tem instrução financeira o suficiente para aplicar seu dinheiro e "abrirem suas próprias multinacionais". A sociedade é voltada para mentalidade que somente trabalhando em um bom emprego, fazendo hora extra e tendo um emprego seguro e duradouro que consegue-se sucesso. Não esta preparada para arriscar. Só é alcançado o sucesso financeiro se submetendo a riscos. As pessoas mais ricas do mundo não são as pessoas que possuem doutorado, PHD, MBA e sim aquelas pessoas que sabem correr riscos. Uma pessoa com educação financeira consegue especular que negócios ou investimentos lhe traram lucros. Como diria Robert Kiyosaki - Co-autor de Pai Rico, Pai Pobre - "as pessos precisam sair da corrida dos ratos". A corrida dos ratos é a figura de linguagem que o autor utiliza para exemplificar a rotineira vida de um individuo sem educação financeira. Quanto mais a pessoa ganha mais aumentam seus gastos, aumentando seus gastos ela busta um novo emprego, para ganhar mais e conseguir pagar suas dívidas. Com o novo emprego gasta-se mais e para consegir pagar as nova dividas a solução é trabalhar mais, e assim segue na "corrida dos ratos", uma bola de neve que dificilmente sairá. Por isso volto a frisar precisamos de educação financeira!

Unknown disse...

Como bem asseverou o Zé Mutante, realmente, a educação no Brasil é uma especulação social. Só que a chave da questão não está na seara universitária, mas na educação básica pública, que há anos não demonstra qualidade. Ou seja, ao nos queixarmos de nossos estudantes universitários não terem capacidade de contextualizar, não percebemos que isso eles deveriam ter aprendido na escola; ao nos queixarmos que nossos estudantes universitários não querem aprender mas só serem diplomados, não percebemos que eles deveriam ter adquirido o gosto do aprendizado na escola; ao nos questionarmos qual a razão de nossos estudantes não terem capacidade de raciocinar mas só reproduzir, não percebemos que faltou a educação de base para torná-los capazes disso.
A raiz dessa problemática não está somente na problemática das universidades (leia-se na mercantilizaçao do ensino); está fundamentalmentete na carência de uma base sólida que dê o norte ao estudante universitário. Nossas universidades públicas, muito embora careçam de recursos para atualização da biblioteca e modernização de suas dependencias, possuem excelentes alunos, mas elas só são assim porque passaram pelo filtro de um processo seletivo que inclui somente os melhores - a nata do ensino basico privado, que, diga-se de passagem, normalemente é de qualidade.
Se realmente queremos acadêmicos interessados, que cobrem do professor que sai meia hora antes do término da aula, que utilizem a biblioteca da forma como ela merece (e nao se queixando que ela é desatualizada), que saibam raciocinar e contextualizar, indiscutivelmente é necessário uma base sólida que gere uma cultura do aprendizado. Caso contrário, continuaremos a nos lamentar de que a universidade brasileira é uma porcaria.

Álvaro S.Frasson disse...

Primitiva a todas estas questões escolares ou universitárias, há uma interrogação que me segue: a cultura de um ser, nasce nas chafurdanças de uma sala de aula? Ante qualquer preconceito me faço, entretanto, vejo educação coisa mais ampla, mais cultural, além do sistema digestivo dos asquelmintos.
Cultura dá base, livros. Arrependo-me amargamente de não ter tomado gosto pela leitura durante minha infância - vício que adquiri apenas aos 16.
Leitura, sim, é que falta para nossos universitários - algo em torno de 6% da população. Pesquisa recente afirma a decadência existencial dos nossos jovens ao clamarem leitura como perca de tempo: "informação pego pela internet".
Chegaram a tal grau de ignorância que já confundiram informação com conhecimento. Falta cultura, educação básica e superior. Ou seja, não afunda pois é merda.

Grato ao alexandre pela lembrança, e se por ventura quiser, entre no meu blog: www.necessair.blogspot.com!
Não cobro.

adios.